Miliotti’s Blog


Olhares da periferia

Posted in Uncategorized por miliotti em 24 de março de 2009
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debora-santos3O que poderia existir em comum entre jovens da Rocinha e Manguinhos, favelas localizadas em regiões diferentes da cidade do Rio de Janeiro, além do PAC? Perspectiva. A fotografia deu e está dando a esses jovens novos horizontes. É comum entre eles o discurso da possibilidade de uma nova profissão, da abertura de um leque de possíveis atividades e formação.Para alguns alunos, fotografar é algo natural. Nas festas a câmera ia sempre parar nas mãos deles. Em Maguinhos, Raquel Cristina e Thiago Falcão, ambos com 19 anos, veem a fotografia como uma forma de mostrar seus olhares sob lugares que visitam e que outras pessoas nunca foram, ou se foram, podem não ter visto o que eles viram. Além de registrar acontecimentos do cotidiano, a fotografia serve como prova de onde foram e o que fazem.

O Projeto Memórias do PAC é realizado pelo Observatório de Favelas em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e é realizado nas comunidades do Alemão, Manguinhos, Pavão-Pavãozinho e Rocinha, favelas que estão recebendo investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento.
As oficinas do Projeto Memórias do PAC, que além da fotografia trabalham com a questão da memória das favelas, mudaram a rotina de alguns desses jovens. Raquel, mãe de Taila, de apenas um ano, às vezes tem que levar a filha para as aulas. Ela teve seus estudos interrompidos para cuidar da filha. “O curso está sendo bom não só pela fotografia, mas pela mudança do meu comportamento. Estou tendo o hábito de ler, não vou mais ao baile funk e até acordo cedo. Odiava acordar cedo, mas tenho que arrumar a casa antes de vir para a aula. Estava acostumada a acordar ao meio-dia e agora tenho que levantar às 6h, é uma mudança e tanto”, diz a adolescente que nas fotos de família quase não aparece porque sempre estava atrás da câmera. “Espero aprender a fotografar melhor, para continuar fazendo as fotos da família e que eu consiga um emprego nessa área”, conta Raquel. Ela completa dizendo que sua mãe pensou que o curso fosse mentira, porque é muito difícil ter cursos gratuitos e de qualidade na favela.

Visão crítica
Para Thyago, que estuda informática, a rotina também é pesada. Ele tem que conciliar o curso de fotografia, o trabalho, a faculdade, a arrumação da casa, a banda da igreja e ainda tem que sobrar tempo para a namorada. “A gente vem para o curso porque gosta e quer melhorar. Sempre pensei em fazer fotografia para poder falar ‘eu sou fotógrafo’”, conta ele. Thyago já recebeu uma proposta de trabalho como modelo fotográfico e um dos requisitos é ter experiência com a câmera e conhecer técnicas fotográficas. O outro é perder peso. “Faltam só 5 quilos”, brinca.

O professor de fotografia Davi Marcos, fotógrafo da Agência Imagens do Povo, explica que a grande questão do curso é o esforço que ele demanda desses meninos e meninas. Cada um supera suas dificuldades tanto em Manguinhos quanto na Rocinha, no Alemão ou no Pavão-pavãozinho. “Eles não estão aqui, na sala de aula, porque não têm nada para fazer em casa ou em outro lugar, por isso temos um trabalho mais direcionado, mais consciente. Estamos ajudando a formar uma visão mais crítica. Eles sempre viam as favelas como lugares só de violência, uma reprodução do que eles assistem o tempo todo na televisão e hoje eles já não veem assim. Eles se reconhecem como pertencentes a esse lugar”, comenta.

Na Rocinha, Débora Santos, 18 anos, moradora da comunidade e Fausto Eduardo Ferreira, 30 anos, estagiário da TV ROC, morador da Cidade de Deus, dizem que agora eles enxergam uma favela diferente, com o lado bonito – pessoas, arquitetura e lugares – e o lado feio – ausência do poder público.

Um outro olhar
Fausto diz que com o curso ele adquiriu conhecimento e técnica, além do incentivo para os estudos. Ele conta também que depois do curso fez as fotos de um casamento. “Comecei a fotografar por acaso, achava chato. Eu não sabia fazer direito, aí as pessoas reclamavam comigo porque as fotos ficavam ruins. Fiquei traumatizado”, conta.

Débora viu o letreiro sobre o curso na TV a cabo da Rocinha. O curso deu incentivo à jovem para fazer uma faculdade. “As fotos que a gente faz já tem diferença, me preocupo com a luz, com o foco. Antes as fotos eram sem noção. A gente já olha a favela de outra forma. A Rocinha é grande, e apesar de ser moradora têm lugares que eu nunca tinha ido ou não tinha percebido e estou indo por causa da fotografia”, diz.

Para os jovens é importante a participação no PAC, documentando e mostrando a mudança. Além disso, eles querem mostrar, para as pessoas que não estão nas favelas, que lá é um lugar onde moram pessoas de bem. “Quando eu falo para meus amigos que faço o curso na Rocinha eles ficam horrorizados e logo dizem que sou maluco e que vou ser assaltado. Mas eu não os culpo, eles só ouvem dizer que a favela é um lugar ruim. Mas não é bem assim. As pessoas que moram aqui trabalham e estão aqui porque não tem a oportunidade de morar em outro lugar”, completa Fausto.

Débora comenta que seus pais falavam que a fotografia não dá dinheiro, mas a adolescente bate o pé e diz que é o que gosta de fazer. “Uma foto minha já saiu no jornal [O Dia] e meus pais gostaram muito, se sentiram orgulhosos e agora eles estão me apoiando”, conta.

Jornalismo e novas tecnologias em pauta

Posted in Uncategorized por miliotti em 24 de março de 2009
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Como cobrir guerras, conflitos armados no espaço urbano, tráfico de drogas, confronto de gangues, violência contra crianças, mulheres, minorias? Como noticiar a violência em si? Esses serão alguns dos temas abordados durante o Seminário Mídia e Violência, que é organizado a partir de uma parceria de instituições de ensino e pesquisa do Brasil, com os consulados do Canadá e dos Estados Unidos.

convite-pequenoEspecialistas americanos, brasileiros, e canadenses irão reunir-se para debater as tendências e os desafios na cobertura do crime em suas várias vertentes. O seminário acontecerá nas cidades de São Paulo (24/03) e Rio de Janeiro (26 e 27/03).

Profissão perigo

Incidentes ocorridos com profissionais da imprensa nas grandes cidades brasileiras levaram os veículos de comunicação do país a repensar sua atuação. Jornalistas consagrados e pesquisadores de universidades e centros de pesquisa brasileiros completam o grupo que irá debater violência e jornalismo, fazendo uma análise da evolução da política editorial nos meios de comunicação no Brasil e da abordagem da violência pela mídia.

No Rio, no primeiro dia de evento, destaca-se na programação, a participação de Fernando Molica, do jornal O Dia, que fará um apanhado sobre 50 anos de manchetes de crimes. Paulo Vaz, pesquisador da UFRJ, apresentará estudo da mídia que associa a criminalidade à condição sócio-econômica. Raphael Gomide, da Folha, contará sua experiência em reportagens investigativas que lhe renderam prêmios de jornalismo. Finalmente, Marcelo Moreira, da TV Globo, abordará a segurança do profissional de jornalismo.

Em São Paulo, alguns dos destaques são: Caco Barcellos, da TV Globo, que falará de sua experiência como repórter investigativo; Bruno Paes Manso, do Estado de S. Paulo, autor de Homem X – uma reportagem sobre a alma do assassino e Valmir Salaro, da TV Globo, também referência no jornalismo investigativo.

Em ambas as cidades, um painel sobre mídias comunitárias promoverá uma discussão sobre blogs e novas tecnologias e a forma como estes podem facilitar o acesso de comunidades periféricas à informação.

Na discussão sobre o mundo virtual e espaços populares, o Observatório de Favelas, Viva Favela e Instituto Overmundo contribuem para o debate com especialistas que incluem Augusto Gazir, Tião Santos e Oona Castro.
Também nesse painel o jornalista Jorge Antonio Barros fala de sua experiência com o blog Repórter de Crime e o escritor canadense Mauricio Segura apresenta sua experiência com o blog Montreal Nord, criado pela revista l’Actualité após o assassinato de um jovem por um policial em Montreal.

O Seminário Internacional sobre Mídia e Violência conta com a parceria da UNESCO, do Kinoforum, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes – CESeC, e com a colaboração da Universidade Metodista de São Paulo e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além das missões diplomáticas do Canadá e os Estados Unidos.

A programação completa e a ficha de inscrição podem ser acessadas na página do Seminário: www.seminariomidiaeviolencia.blogspot.com

 

Hello world!

Posted in Uncategorized por miliotti em 24 de março de 2009

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