Miliotti’s Blog


Esporte: Handebol de areia




Fotos: Rosilene Miliotti e Jucemar Alves
Assim como o vôlei, o handebol se rendeu aos encantos do mar e adaptou o esporte para as areias. Criada na Europa, a modalidade é praticada no Brasil há 14 anos, e cerca de 250 equipes participam de competições oficiais pelo país

Por Rosilene Miliotti

Provavelmente, a primeira questão que vem à cabeça quando falamos em handebol de areia é: como quicar a bola? Pode quicar a bola sim, desde que o atleta tenha habilidade, porque é um terreno irregular. O handebol de areia carrega o mesmo nome porque é jogado com a mão, tem como finalidade o gol e os fundamentos passe, arremesso… Mas as características do jogo em si são bem diferentes.

O Diretor de Handebol de Areia da Confederação Brasileira de Handebol, Stanley Ramos Mackenzie, afirma que as maiores diferenças são o tamanho da quadra, o número de jogadores, a pontuação, o fato de ser jogado ao ar livre e, claro, a areia. “O esporte ser praticado ao ar livre, na praia, o torna mais agradável, pois a praia é um lugar muito democrático”, conta Stanley. A maior dificuldade que os atletas sentem ao sair das quadras e ir para a praia é a de se acostumar com os movimentos próprios do jogo.

No handebol de areia você tem que saber girar, fazer jogo aéreo, porque esses gols têm uma pontuação maior e fazem diferença no jogo. Essa talvez seja a maior dificuldade dos atletas para se adaptarem. A migração dos atletas de quadra para a praia é o reflexo de uma modalidade nova, que só está há 14 anos no Brasil e que começou a ser implantada pegando jogadores da quadra. Entretanto, já podemos ver atletas exclusivamente da praia. No voleibol também foi assim, no início eram os mesmos jogadores da quadra, depois chegaram os jogadores  da praia.

Pelo mundo

O Brasil, no último Mundial, ficou com a 2° colocação no masculino e, 3° no feminino. Porém, Stanley adverte que, apesar dos títulos, o handebol – tanto de quadra quanto o de areia – ainda é amador e pouco popular por causa da falta de investimento. Segundo ele, já há uma conversa inicial para que o esporte se torne olímpico. Para isso, a Internacional Handball Federation (IHF) está divulgando a modalidade nos continentes e mudando alguns procedimentos para que o esporte tenha uma melhor aceitação. “Em breve vamos ter boas notícias. Acredito que vamos dar um excelente salto na divulgação do handebol de areia”, comunica.

Acesse outros sites sobre o esporte

Federação de Handebol do Estado do Rio de Janeiro  http://fherj.brinkster.net/

Beach Handball  Rio  http://www.beachhandballrio.com

Confederação Brasileira de Handebol   http://www.ligahand.com.br

Cultura

Posted in Uncategorized por miliotti em 9 de junho de 2009
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“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”


por Rosilene Miliotti

A letra da música de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto, sucesso do grupo Titãs nos anos 80, retrata bem o que o povo brasileiro precisa. Desde aquela época já sabíamos que dar bolsa disso ou daquilo não adianta se o povo não tem acesso a outros direitos básicos garantidos pela Constituição Federal como: cultura, educação, lazer e segurança.

Um dos grupos mais bem consolidados, no Rio de Janeiro, na busca da garantia de direitos e de dar acesso à cultura como consumidor e produtor é o AfroReggae, que conquistou o patamar de referência internacional através dos tambores da banda, que viaja o mundo levando a música produzida na favela, e por sua história.

No Complexo do Alemão, núcleo caçula do AfroReggae, as oficinas são gratuitas e a procura só cresce. São atendidos cerca de 100 alunos entre 8 e 48 anos. Os professores, instrutores e monitores acabam sendo referência para as crianças, jovens e adultos que participam das oficinas. Romero Alves, instrutor de circo, atua há dois anos no Alemão e diz que a resposta dos alunos é ótima. “Eles (os alunos) retribuem com muito carinho e são mais que alunos são amigos”, diz o Romero, orgulhoso após apresentação da dos alunos da oficina de circo para os estudantes da Unisuam.

“É complicado a gente ser espelho de pessoas tão jovens, mas isso é inevitável”, diz Juninho, professor da oficina de percussão. O professor cresceu com o grupo, entrou aos 6 anos e há 15 anos participa da banda AfroReggae. “A gente tenta mostrar para eles que o mundo é muito maior do que só o Complexo do Alemão”, diz.

Juninho também explica que os traficantes não querem ver seus filhos seguindo o mesmo caminho que eles escolheram. Por isso eles respeitam os trabalhos feitos pelas ONG`s nas favelas. Segundo ele, as comunidades são muito grandes, e apenas cerca de 2% dos que residem nessas comunidades são envolvidos com o tráfico.

Do tráfico a exemplo

Um dos objetivos da instituição é resgatar pessoas que se envolveram com o tráfico para participar dos projetos e trazer de volta sua cidadania. Um dos casos é o de André Santos da Cunha, conhecido como Donguinho ou na gíria do trafico, DG. Ele entrou para o tráfico da comunidade de Vigário Geral aos 16 anos e hoje, aos 27 anos é assistente do Altair Martins, Presidente e Coordenador de Operacionalização do AfroReggae e instrutor de percussão em projetos do DEGASE (Departamento Geral de Ações Socioeducativas).

DG diz que queria dar o direito da sua família ser feliz. Por algumas vezes seu filho o viu armado e isso mexeu muito com ele. “Eu não sentia mais gosto em viver. Mas o que me levou mesmo a mudar de vida foi acreditar. Enquanto a gente acreditar, tudo pode dar certo”, fala o ex-traficante, que tinha mais três irmãos que também trabalhavam para o tráfico.

Um dos motivos para DG sair definitivamente do tráfico, além do trabalho feito pelo AfroReggae, foi sua família. DG contou que um dia encontrou R$ 2mil no guardarroupa de sua mãe e quando a questionou sobre para que ela guardava aquela quantia, com lágrimas nos olhos, ela respondeu que esperava que ele morresse, assim como os seus irmãos, a qualquer momento. Além de saber que não era exemplo para seu filho.

AfroReggae: de Vigário ao Alemão

O Grupo Cultural AfroReggae (GCAR) surgiu em janeiro de 1993, inicialmente em torno do jornal Afro Reggae Notícias – um veículo que visava à valorização e a divulgação da cultura negra. No mesmo ano foi inaugurado na favela de Vigário Geral o primeiro Núcleo Comunitário de Cultura, desenvolvendo projetos sociais.

O objetivo da instituição é oferecer uma formação cultural e artística para jovens moradores de favelas para construírem sua cidadania para que não vissem como única alternativa o narcotráfico e do subemprego. Mias tarde, em 1997, o GCAR inaugurou o Centro Cultural AfroReggae Vigário Legal, com isto foi possível fazer com que a instituição se tornasse uma referência de prática sociocultural na cidade do Rio de Janeiro.

O AfroReggae é uma instituição empreendedora, e isso faz com que a auto-estima dos moradores das comunidades onde atua seja alta, pois essas comunidades acabam sendo vistas não só pela violência, mas pelo que de bom tem nelas. Hoje, a instituição desenvolve projetos, além de Vigário Geral e Parada de Lucas, no Complexo do Alemão e no Cantagalo.

No Complexo do Alemão, o AfroReggae desenvolve oficinas de circo, dança, música e teatro desde 2002, quando a instituição estabeleceu uma parceira com o SESC Rio. O projeto “Itinerários Aliados”, inicialmente, atendia jovens do Complexo do Alemão e Morro do Adeus, comunidades onde facções rivais vivem em conflito. Depois da conclusão do projeto a instituição continuou o processo de maneira independente. A partir daí nasceu núcleo no Complexo do Alemão, que atualmente está na Comunidade do Canitá, mas em breve se mudará para a Avenida Itararé.

Saiba mais sobre o AfroReggae acessando o site http://www.afroreggae.com.br