Miliotti’s Blog


Handebol de areia conquista mais um título mundial

Posted in Uncategorized por miliotti em 30 de julho de 2009
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Mais um título, e daí?

 

por Rosilene Miliotti

Trofeus do Wolrd Games 2009

Trofeus do Wolrd Games 2009

A equipe masculina de handebol de areia sagrou-se campeã e a feminina ficou com o terceiro lugar do World Games 2009, em Kaohsiung, China. Muito bom, parabéns às equipes.

Vamos recapitular. Em 2001, o Brasil foi bronze no masculino e feminino no World Games, em Akita. Mais tarde, em 2005, foi campeão mundial nas duas categorias. Um ano depois, repetiu o feito. Em 2008 ficou com a terceira colocação, 3º no feminino e a 2º no masculino. Este ano, campeão no masculino e 3º no feminino. Resumindo, o Brasil é tricampeão no masculino e bi no feminino.

 Temos títulos importantes, mas nada mudou. O esporte continua sem incentivo e, de forma amadora acontece em todo o território nacional. Será que é por falta de reconhecimento, organização ou vontade?

Se para um esporte ganhar mídia ou cair no gosto das pessoas ele precisa de títulos, o handebol de areia já tem, e acredito que isso seja o suficiente para mostrar que o Brasil é destaque na modalidade, assim como em outros esportes.

O que era o vôlei antes de se destacar em mundiais? O que era o tênis, no Brasil, antes do Guga ser número um do mundo? O que houve com esses esportes para se tornarem populares e proliferar escolinhas e crianças querendo ser tenistas e jogadores de vôlei?

Infelizmente, a mídia tem sua cota de responsabilidade ao publicizar alguns esportes e não outros. Será que o Brasil é o país do futebol ou é o país do que a mídia veicula? Para atrair a atenção, não só do público, mas das câmeras, é necessário organização. As etapas do Estadual Carioca já vão começar. Não seria legal ter pelo menos um paninho escrito “Etapa de Handebol de Areia” próximo às quadras? Não é preciso muita coisa para chamar a atenção.

E por último, ou melhor, deveria ser antes, mas deixei para o final: vontade. Será que há vontade de fazer com que o handebol de areia cresça? Afinal, não deve dar tanto trabalho organizar uma etapa do jeito que é realizada hoje, pelo menos no Rio. E se o esporte fosse mais popular, exigiria mais organização, qualificação e reciclagem de arbitragem, estrutura, entre outros detalhes. Isso dá trabalho, e se não há vontade de melhorar, para que ter trabalho?

Teremos mais tantos outros títulos, e é provável que ficaremos na mesma. Só gostaria de não ter que responder mais se a bola quica na areia ou não.

Conquistas mais importantes

Conquistas mais importantes

Esporte: Handebol de areia




Fotos: Rosilene Miliotti e Jucemar Alves
Assim como o vôlei, o handebol se rendeu aos encantos do mar e adaptou o esporte para as areias. Criada na Europa, a modalidade é praticada no Brasil há 14 anos, e cerca de 250 equipes participam de competições oficiais pelo país

Por Rosilene Miliotti

Provavelmente, a primeira questão que vem à cabeça quando falamos em handebol de areia é: como quicar a bola? Pode quicar a bola sim, desde que o atleta tenha habilidade, porque é um terreno irregular. O handebol de areia carrega o mesmo nome porque é jogado com a mão, tem como finalidade o gol e os fundamentos passe, arremesso… Mas as características do jogo em si são bem diferentes.

O Diretor de Handebol de Areia da Confederação Brasileira de Handebol, Stanley Ramos Mackenzie, afirma que as maiores diferenças são o tamanho da quadra, o número de jogadores, a pontuação, o fato de ser jogado ao ar livre e, claro, a areia. “O esporte ser praticado ao ar livre, na praia, o torna mais agradável, pois a praia é um lugar muito democrático”, conta Stanley. A maior dificuldade que os atletas sentem ao sair das quadras e ir para a praia é a de se acostumar com os movimentos próprios do jogo.

No handebol de areia você tem que saber girar, fazer jogo aéreo, porque esses gols têm uma pontuação maior e fazem diferença no jogo. Essa talvez seja a maior dificuldade dos atletas para se adaptarem. A migração dos atletas de quadra para a praia é o reflexo de uma modalidade nova, que só está há 14 anos no Brasil e que começou a ser implantada pegando jogadores da quadra. Entretanto, já podemos ver atletas exclusivamente da praia. No voleibol também foi assim, no início eram os mesmos jogadores da quadra, depois chegaram os jogadores  da praia.

Pelo mundo

O Brasil, no último Mundial, ficou com a 2° colocação no masculino e, 3° no feminino. Porém, Stanley adverte que, apesar dos títulos, o handebol – tanto de quadra quanto o de areia – ainda é amador e pouco popular por causa da falta de investimento. Segundo ele, já há uma conversa inicial para que o esporte se torne olímpico. Para isso, a Internacional Handball Federation (IHF) está divulgando a modalidade nos continentes e mudando alguns procedimentos para que o esporte tenha uma melhor aceitação. “Em breve vamos ter boas notícias. Acredito que vamos dar um excelente salto na divulgação do handebol de areia”, comunica.

Acesse outros sites sobre o esporte

Federação de Handebol do Estado do Rio de Janeiro  http://fherj.brinkster.net/

Beach Handball  Rio  http://www.beachhandballrio.com

Confederação Brasileira de Handebol   http://www.ligahand.com.br

Cultura

Posted in Uncategorized por miliotti em 9 de junho de 2009
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“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”


por Rosilene Miliotti

A letra da música de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto, sucesso do grupo Titãs nos anos 80, retrata bem o que o povo brasileiro precisa. Desde aquela época já sabíamos que dar bolsa disso ou daquilo não adianta se o povo não tem acesso a outros direitos básicos garantidos pela Constituição Federal como: cultura, educação, lazer e segurança.

Um dos grupos mais bem consolidados, no Rio de Janeiro, na busca da garantia de direitos e de dar acesso à cultura como consumidor e produtor é o AfroReggae, que conquistou o patamar de referência internacional através dos tambores da banda, que viaja o mundo levando a música produzida na favela, e por sua história.

No Complexo do Alemão, núcleo caçula do AfroReggae, as oficinas são gratuitas e a procura só cresce. São atendidos cerca de 100 alunos entre 8 e 48 anos. Os professores, instrutores e monitores acabam sendo referência para as crianças, jovens e adultos que participam das oficinas. Romero Alves, instrutor de circo, atua há dois anos no Alemão e diz que a resposta dos alunos é ótima. “Eles (os alunos) retribuem com muito carinho e são mais que alunos são amigos”, diz o Romero, orgulhoso após apresentação da dos alunos da oficina de circo para os estudantes da Unisuam.

“É complicado a gente ser espelho de pessoas tão jovens, mas isso é inevitável”, diz Juninho, professor da oficina de percussão. O professor cresceu com o grupo, entrou aos 6 anos e há 15 anos participa da banda AfroReggae. “A gente tenta mostrar para eles que o mundo é muito maior do que só o Complexo do Alemão”, diz.

Juninho também explica que os traficantes não querem ver seus filhos seguindo o mesmo caminho que eles escolheram. Por isso eles respeitam os trabalhos feitos pelas ONG`s nas favelas. Segundo ele, as comunidades são muito grandes, e apenas cerca de 2% dos que residem nessas comunidades são envolvidos com o tráfico.

Do tráfico a exemplo

Um dos objetivos da instituição é resgatar pessoas que se envolveram com o tráfico para participar dos projetos e trazer de volta sua cidadania. Um dos casos é o de André Santos da Cunha, conhecido como Donguinho ou na gíria do trafico, DG. Ele entrou para o tráfico da comunidade de Vigário Geral aos 16 anos e hoje, aos 27 anos é assistente do Altair Martins, Presidente e Coordenador de Operacionalização do AfroReggae e instrutor de percussão em projetos do DEGASE (Departamento Geral de Ações Socioeducativas).

DG diz que queria dar o direito da sua família ser feliz. Por algumas vezes seu filho o viu armado e isso mexeu muito com ele. “Eu não sentia mais gosto em viver. Mas o que me levou mesmo a mudar de vida foi acreditar. Enquanto a gente acreditar, tudo pode dar certo”, fala o ex-traficante, que tinha mais três irmãos que também trabalhavam para o tráfico.

Um dos motivos para DG sair definitivamente do tráfico, além do trabalho feito pelo AfroReggae, foi sua família. DG contou que um dia encontrou R$ 2mil no guardarroupa de sua mãe e quando a questionou sobre para que ela guardava aquela quantia, com lágrimas nos olhos, ela respondeu que esperava que ele morresse, assim como os seus irmãos, a qualquer momento. Além de saber que não era exemplo para seu filho.

AfroReggae: de Vigário ao Alemão

O Grupo Cultural AfroReggae (GCAR) surgiu em janeiro de 1993, inicialmente em torno do jornal Afro Reggae Notícias – um veículo que visava à valorização e a divulgação da cultura negra. No mesmo ano foi inaugurado na favela de Vigário Geral o primeiro Núcleo Comunitário de Cultura, desenvolvendo projetos sociais.

O objetivo da instituição é oferecer uma formação cultural e artística para jovens moradores de favelas para construírem sua cidadania para que não vissem como única alternativa o narcotráfico e do subemprego. Mias tarde, em 1997, o GCAR inaugurou o Centro Cultural AfroReggae Vigário Legal, com isto foi possível fazer com que a instituição se tornasse uma referência de prática sociocultural na cidade do Rio de Janeiro.

O AfroReggae é uma instituição empreendedora, e isso faz com que a auto-estima dos moradores das comunidades onde atua seja alta, pois essas comunidades acabam sendo vistas não só pela violência, mas pelo que de bom tem nelas. Hoje, a instituição desenvolve projetos, além de Vigário Geral e Parada de Lucas, no Complexo do Alemão e no Cantagalo.

No Complexo do Alemão, o AfroReggae desenvolve oficinas de circo, dança, música e teatro desde 2002, quando a instituição estabeleceu uma parceira com o SESC Rio. O projeto “Itinerários Aliados”, inicialmente, atendia jovens do Complexo do Alemão e Morro do Adeus, comunidades onde facções rivais vivem em conflito. Depois da conclusão do projeto a instituição continuou o processo de maneira independente. A partir daí nasceu núcleo no Complexo do Alemão, que atualmente está na Comunidade do Canitá, mas em breve se mudará para a Avenida Itararé.

Saiba mais sobre o AfroReggae acessando o site http://www.afroreggae.com.br

Para mudar basta dar o primeiro passo

Posted in Uncategorized por miliotti em 14 de abril de 2009

Poético, divertido e revelador. Divã – O filme, mostra que para mudar basta apenas dar o primeiro passo. Com direção de José Alvarenga Jr., baseado no livro de Martha Medeiros, o filme conta a história de Mercedes (interpretada por Lilia Cabral), uma mulher de 40 anos que vive entre altos e baixos, casada e mãe de dois filhos. Ao deitar-se no divã, ela questiona sua vida sexual, casamento e a realização profissional.

Mercedes vive uma vida aparentemente perfeita com seu marido Gustavo (José Mayer), mas mesmo assim resolve fazer análise. O que começa como uma simples brincadeira acaba por se transformar num surpreendente ato de libertação.

Movida por suas angústias existenciais, a busca de Mercedes por entender a si mesma é divertida e comovente, refletindo bem as dificuldades de uma mulher de 40 anos que se depara com a pergunta: “o que eu fiz na minha vida?”.

Devaneios

”Você já fez análise? Pois deveria, é um verdadeiro ato de libertação. Sabe aquela história de queimar o sutiã? Eu queimei um guarda-roupa inteiro! Rs… Quem pensa que não tem problemas com certeza é porque não se conhece direito. Eu descobri isso da pior e da melhor maneira: me conhecendo.

Nessa trajetória encontrei pessoas que amei e perdi pessoas que amava, mas mesmo isso faz parte dessa maravilhosa jornada que é a vida!”, essas são palavras da personagem em um site de relacionamentos.

No filme, Mercedes ainda vive um triangulo amoroso com Murilo (Cauã Reymond) e Theo (Reinaldo Gianecchini), ambos jovem e totalmente diferente um do outro.

 

Serviço:

O filme estréia dia 17 de abril nos cinemas

Assista o treiler do filme acessando www.divaofilme.com.br

O fascínio por São Jorge

Posted in Uncategorized por miliotti em 7 de abril de 2009
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por Pedro Rocha

sao-jorgeEu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, (..) e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.” As palavras da oração do santo exaltam sua natureza guerreira e seus devotos tomam esse atributo para suas próprias vidas, sempre pedindo proteção.

A enfermeira Fernanda Marques, que é devota desde os 12 anos, comenta sua dedicação: “Quando me perguntam se sou espírita, eu digo que sou São Jorge, tamanho é o amor que tenho por ele. Vou à igreja, sempre rezo e faço pedidos que na maioria das vezes são atendidos”.

A imagem de São Jorge montado em um cavalo lutando contra um dragão representa a batalha entre bem e mal. Os fiéis do santo se espelham nesse perfil que, segundo a crença religiosa, lhes dá conforto e força para vencer problemas e dificuldades diárias.

Muitos são os devotos do guerreiro. Entre eles estão Zeca Pagodinho, Jorge Benjor e Jorge Babu, autor da lei que institui o dia 23 de abril como feriado de São Jorge. A execução de músicas que exaltam o santo ajuda na propagação dos valores que acompanham sua imagem.

Ogum e o sincretismo

No espiritismo também há o sincretismo com o orixá Ogum, que domina os metais e a guerra. Na umbanda, a cor do santo é vermelha e faz referência ao sangue e à guerra. Já no candomblé a cor é azul, devido ao fogo que Ogum usava para forjar suas armas e ferramentas.

Seja qual for a corrente espírita, São Jorge e Ogum são venerados por todos os seus devotos, como forma de agradecimento e admiração.

Mídia e Violência

Posted in Uncategorized por miliotti em 7 de abril de 2009

Por Aline Santana

Nos dias 26 e 27 de março, jornalistas e cientistas políticos e sociais do Brasil, Canadá e Estados Unidos se reuniram, na Escola de Comunicação da UFRJ, para discutir a relação entre mídia e violência. Estiveram presentes no evento os jornalistas Fernando Molica (jornal O Dia), Raphael Gomide (Folha de S. Paulo), Marcelo Moreira (editor-chefe RJ TV 2ª edição), Ivana Bentes (diretora da Escola de Comunicação da UFRJ), Jorge Antônio Barros (editor-adjunto jornal O Globo), Tião Santos (coordenador da Rádio Viva Rio), Anabela Paiva e a cientista social Silvia Ramos (organizadoras do livro Mídia e Violência).

A “banalização da violência” foi um dos temas mais debatidos e criticados durante o evento. “As pessoas leem as notícias de crime e não se chocam mais, não se importam”, comentou o jornalista canadense Doug Saunders, chefe da sucursal de Londres do jornal Globe and Mail. De acordo com os convidados do seminário, o crescimento da violência faz com que os profissionais de imprensa criem formas de adaptar a apuração e cobertura dos acontecimentos. Uma das preocupações apontadas foi a segurança dos jornalistas que fazem cobertura policial ou de guerra.

Neste cenário de novos fatores que interferem na cobertura, as pesquisadoras Anabela Paiva e Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), autoras do livro Mídia e Violência, ressaltaram que a pesquisa feita para o livro demonstrou que a polícia não é mais a fonte principal dos jornalistas. Atualmente, há uma preocupação em mostrar o lado de quem sofre diretamente com a violência, diariamente, nas grandes cidades brasileiras.

Favela e violência

Outro fator levantado pelos debatedores o foi o crescente preconceito que permeia os espaços populares, ligando a violência diretamente às favelas e à pobreza. Em sua intervenção, Sílvia Ramos citou alguns dados dos estudos realizados pelo CESeC. Segundo a pesquisadora, os dados mostram que a polícia carioca é a que mais mata no mundo. A proporção é de 48 homicídios por 100 mil habitantes. Quando verificado números entre jovens, negros, do sexo masculino de 22 a 24 anos, a taxa é de 400 para cada 100 mil habitantes.

O jornalista e líder comunitário da comunidade Santa Marta, Zona Sul do Rio, Itamar Silva, esteve presente no segundo dia de debates e lamentou a forma como a imprensa trata as vítimas da violência em muitos casos. “Ainda há certa marginalização quando retratam a criança, por exemplo, que mora na favela como menor, considerando o jovem pobre uma ameaça”, afirma Itamar.

Mídia e violência em livro

Em 2007, a jornalista Anabela Paiva e a cientista social Sílvia Ramos, coordenadora do CESeC, lançaram o livro “Mídia e Violência – Novas tendências na cobertura da criminalidade e segurança pública no Brasil”. O livro é resultado de pesquisa realizada pelo CESeC desde 2004 e é uma profunda reflexão sobre a cobertura de segurança pública.

O livro reúne entrevistas realizadas com cerca de 90 jornalistas, artigos e depoimentos de policiais e especialistas no tema, além da apresentação dos resultados da análise do conteúdo de 5.165 notícias. A publicação se inspirou no tipo de diálogo que a Agência de Noticias dos Direitos da Infância (ANDI) promove entre as redações, as universidades de comunicação e as entidades relacionadas à agenda do desenvolvimento sustentável e dos direitos humanos. A publicação tem distribuição gratuita para centros de pesquisas, universidades e organizações não- governamentais (ONGs).

Olhares da periferia

Posted in Uncategorized por miliotti em 24 de março de 2009
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debora-santos3O que poderia existir em comum entre jovens da Rocinha e Manguinhos, favelas localizadas em regiões diferentes da cidade do Rio de Janeiro, além do PAC? Perspectiva. A fotografia deu e está dando a esses jovens novos horizontes. É comum entre eles o discurso da possibilidade de uma nova profissão, da abertura de um leque de possíveis atividades e formação.Para alguns alunos, fotografar é algo natural. Nas festas a câmera ia sempre parar nas mãos deles. Em Maguinhos, Raquel Cristina e Thiago Falcão, ambos com 19 anos, veem a fotografia como uma forma de mostrar seus olhares sob lugares que visitam e que outras pessoas nunca foram, ou se foram, podem não ter visto o que eles viram. Além de registrar acontecimentos do cotidiano, a fotografia serve como prova de onde foram e o que fazem.

O Projeto Memórias do PAC é realizado pelo Observatório de Favelas em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura e é realizado nas comunidades do Alemão, Manguinhos, Pavão-Pavãozinho e Rocinha, favelas que estão recebendo investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento.
As oficinas do Projeto Memórias do PAC, que além da fotografia trabalham com a questão da memória das favelas, mudaram a rotina de alguns desses jovens. Raquel, mãe de Taila, de apenas um ano, às vezes tem que levar a filha para as aulas. Ela teve seus estudos interrompidos para cuidar da filha. “O curso está sendo bom não só pela fotografia, mas pela mudança do meu comportamento. Estou tendo o hábito de ler, não vou mais ao baile funk e até acordo cedo. Odiava acordar cedo, mas tenho que arrumar a casa antes de vir para a aula. Estava acostumada a acordar ao meio-dia e agora tenho que levantar às 6h, é uma mudança e tanto”, diz a adolescente que nas fotos de família quase não aparece porque sempre estava atrás da câmera. “Espero aprender a fotografar melhor, para continuar fazendo as fotos da família e que eu consiga um emprego nessa área”, conta Raquel. Ela completa dizendo que sua mãe pensou que o curso fosse mentira, porque é muito difícil ter cursos gratuitos e de qualidade na favela.

Visão crítica
Para Thyago, que estuda informática, a rotina também é pesada. Ele tem que conciliar o curso de fotografia, o trabalho, a faculdade, a arrumação da casa, a banda da igreja e ainda tem que sobrar tempo para a namorada. “A gente vem para o curso porque gosta e quer melhorar. Sempre pensei em fazer fotografia para poder falar ‘eu sou fotógrafo’”, conta ele. Thyago já recebeu uma proposta de trabalho como modelo fotográfico e um dos requisitos é ter experiência com a câmera e conhecer técnicas fotográficas. O outro é perder peso. “Faltam só 5 quilos”, brinca.

O professor de fotografia Davi Marcos, fotógrafo da Agência Imagens do Povo, explica que a grande questão do curso é o esforço que ele demanda desses meninos e meninas. Cada um supera suas dificuldades tanto em Manguinhos quanto na Rocinha, no Alemão ou no Pavão-pavãozinho. “Eles não estão aqui, na sala de aula, porque não têm nada para fazer em casa ou em outro lugar, por isso temos um trabalho mais direcionado, mais consciente. Estamos ajudando a formar uma visão mais crítica. Eles sempre viam as favelas como lugares só de violência, uma reprodução do que eles assistem o tempo todo na televisão e hoje eles já não veem assim. Eles se reconhecem como pertencentes a esse lugar”, comenta.

Na Rocinha, Débora Santos, 18 anos, moradora da comunidade e Fausto Eduardo Ferreira, 30 anos, estagiário da TV ROC, morador da Cidade de Deus, dizem que agora eles enxergam uma favela diferente, com o lado bonito – pessoas, arquitetura e lugares – e o lado feio – ausência do poder público.

Um outro olhar
Fausto diz que com o curso ele adquiriu conhecimento e técnica, além do incentivo para os estudos. Ele conta também que depois do curso fez as fotos de um casamento. “Comecei a fotografar por acaso, achava chato. Eu não sabia fazer direito, aí as pessoas reclamavam comigo porque as fotos ficavam ruins. Fiquei traumatizado”, conta.

Débora viu o letreiro sobre o curso na TV a cabo da Rocinha. O curso deu incentivo à jovem para fazer uma faculdade. “As fotos que a gente faz já tem diferença, me preocupo com a luz, com o foco. Antes as fotos eram sem noção. A gente já olha a favela de outra forma. A Rocinha é grande, e apesar de ser moradora têm lugares que eu nunca tinha ido ou não tinha percebido e estou indo por causa da fotografia”, diz.

Para os jovens é importante a participação no PAC, documentando e mostrando a mudança. Além disso, eles querem mostrar, para as pessoas que não estão nas favelas, que lá é um lugar onde moram pessoas de bem. “Quando eu falo para meus amigos que faço o curso na Rocinha eles ficam horrorizados e logo dizem que sou maluco e que vou ser assaltado. Mas eu não os culpo, eles só ouvem dizer que a favela é um lugar ruim. Mas não é bem assim. As pessoas que moram aqui trabalham e estão aqui porque não tem a oportunidade de morar em outro lugar”, completa Fausto.

Débora comenta que seus pais falavam que a fotografia não dá dinheiro, mas a adolescente bate o pé e diz que é o que gosta de fazer. “Uma foto minha já saiu no jornal [O Dia] e meus pais gostaram muito, se sentiram orgulhosos e agora eles estão me apoiando”, conta.

Jornalismo e novas tecnologias em pauta

Posted in Uncategorized por miliotti em 24 de março de 2009
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Como cobrir guerras, conflitos armados no espaço urbano, tráfico de drogas, confronto de gangues, violência contra crianças, mulheres, minorias? Como noticiar a violência em si? Esses serão alguns dos temas abordados durante o Seminário Mídia e Violência, que é organizado a partir de uma parceria de instituições de ensino e pesquisa do Brasil, com os consulados do Canadá e dos Estados Unidos.

convite-pequenoEspecialistas americanos, brasileiros, e canadenses irão reunir-se para debater as tendências e os desafios na cobertura do crime em suas várias vertentes. O seminário acontecerá nas cidades de São Paulo (24/03) e Rio de Janeiro (26 e 27/03).

Profissão perigo

Incidentes ocorridos com profissionais da imprensa nas grandes cidades brasileiras levaram os veículos de comunicação do país a repensar sua atuação. Jornalistas consagrados e pesquisadores de universidades e centros de pesquisa brasileiros completam o grupo que irá debater violência e jornalismo, fazendo uma análise da evolução da política editorial nos meios de comunicação no Brasil e da abordagem da violência pela mídia.

No Rio, no primeiro dia de evento, destaca-se na programação, a participação de Fernando Molica, do jornal O Dia, que fará um apanhado sobre 50 anos de manchetes de crimes. Paulo Vaz, pesquisador da UFRJ, apresentará estudo da mídia que associa a criminalidade à condição sócio-econômica. Raphael Gomide, da Folha, contará sua experiência em reportagens investigativas que lhe renderam prêmios de jornalismo. Finalmente, Marcelo Moreira, da TV Globo, abordará a segurança do profissional de jornalismo.

Em São Paulo, alguns dos destaques são: Caco Barcellos, da TV Globo, que falará de sua experiência como repórter investigativo; Bruno Paes Manso, do Estado de S. Paulo, autor de Homem X – uma reportagem sobre a alma do assassino e Valmir Salaro, da TV Globo, também referência no jornalismo investigativo.

Em ambas as cidades, um painel sobre mídias comunitárias promoverá uma discussão sobre blogs e novas tecnologias e a forma como estes podem facilitar o acesso de comunidades periféricas à informação.

Na discussão sobre o mundo virtual e espaços populares, o Observatório de Favelas, Viva Favela e Instituto Overmundo contribuem para o debate com especialistas que incluem Augusto Gazir, Tião Santos e Oona Castro.
Também nesse painel o jornalista Jorge Antonio Barros fala de sua experiência com o blog Repórter de Crime e o escritor canadense Mauricio Segura apresenta sua experiência com o blog Montreal Nord, criado pela revista l’Actualité após o assassinato de um jovem por um policial em Montreal.

O Seminário Internacional sobre Mídia e Violência conta com a parceria da UNESCO, do Kinoforum, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes – CESeC, e com a colaboração da Universidade Metodista de São Paulo e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além das missões diplomáticas do Canadá e os Estados Unidos.

A programação completa e a ficha de inscrição podem ser acessadas na página do Seminário: www.seminariomidiaeviolencia.blogspot.com

 

Hello world!

Posted in Uncategorized por miliotti em 24 de março de 2009

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